terça-feira, 28 de dezembro de 2010

No que cremos?

Aos tempos de Pocilga

Hoje de manhã li um post no blog "O Provocador", sobre a hipocrisia criminosa. Para encurtar um pouco a conversa, o post falava sobre o bebê que foi jogado pelo muro na cidade de Belém...
Terrível coincidência, no dia 25 de dezembro...

O assunto explorado foi sobre a hipocrisia, segundo o autor, ao tratar-se o assunto aborto. Como a sociedade continua a tapar os olhos para um problema de saúde pública. Ao que parece, o autor é favorável à legalização do aborto e constrói sua argumentação em cima do fato de que, enquanto a sociedade apregoa os bons costumes no discurso, na prática o que se faz com uma criança jogada fora? Aliás, o que se faz com todas as crianças abandonadas todos os dias? Entrega-as à sorte?
Bom, é claro que os comentários foram de todos os tipos. Mas o que saltou aos olhos ao observá-los foram as "verdades" absolutas que ali apareceram.
Como é fácil impormos nossa verdade aos outros, principalmente em ambientes virtuais...
Porque venhamos e convenhamos, a internet é um bom espaço para discussões, mas é melhor ainda para quem quer fugir do debate, afinal se eu não quiser enfrentar uma opinião destoante da minha basta eu ignorar, simplesmente não responder, não preciso expor minha face.
E choveram acusações, santíssimos olhares, purismo religioso. Morte aos defensores do aborto....
Isso mesmo, contraditório, não é verdade?
Meu esposo sempre comenta que se não fosse a nossa constituição, as pessoas aqui no Brasil já estariam matando por causa da religião. Tamanha tem sido a intolerância, mas essa intolerância tem colocado suas garras também em outras instâncias da vida...(assunto para outro post)
Ao iniciar aqui esse assunto eu achei que falaria sobre o mérito mesmo de ser ou não a favor do aborto, mas descobri que isso é o que menos tem me afligido, e confesso, visitei aquele blog mais de uma vez hoje pra ver os famigerados comentários.
Sim, eu postei um comentário também...
Me assusta como as pessoas têm perdido a capacidade de debater um assunto no mérito de sua questão, como é difícil para alguns reconhecerem que seus argumentos não são de fato válidos, e o que vale mesmo é rever os conceitos e quem sabe até mudar de opinião.
Será mesmo tão ruim mudarmos de opinião, seremos mais fracos se começarmos a pensar diferente? Perderemos nossa identidade cultural ou religiosa se deixarmo-nos influenciar?
Por que é feio ser influenciado??? Mas ninguém acha feio influenciar.
Todos querem essa última parte, e nesse jogo de persuasão impõe-se verdades nem tão verdadeiras, estigmas e rótulos naqueles que pensam diferente, que creem diferentemente.

Estou com medo do lugar para onde temos caminhado. Os espaços de discussões têm se tornado cada vez mais virtuais, e menos palpáveis.
O problema não está na virtualização, mas na inaptidão que muitos têm desenvolvido ao fugir do corpo a corpo, de olhar nos olhos e buscar o consenso ou mesmo o discenso.

Saudades de minha vida pocilgana, nem se quiséssemos conseguíamos escapar do embate, aliás éramos quase dependentes psicológicos de um bom debate. boas madrugadas...

Fato é que, em nome do moralismo se impõe verdades, em nome de um deus (seja qual for a crença) se impõem castigos e pecados...

O resultado é lastimável, não há crescimento porque cada um se encrustece de seus conceitos, ou muito passados ou muito inovadores. Não há portanto um indício de caminho a seguir, que fique cada um em seu atalho, com a foice na mão para quem ousar contestar...

segue o link do blog "O Provocador"

Pocilga: Meu querido lar (ironicamente limpíssimo) nos tempos de faculdade.

2 comentários:

  1. Boa Déby, muito bom o seu texto. A Pocilga tinha um ambiente realmente fértil, para o bem e para o mal rsrs. Mas exatamente por isso é que era interessantíssima. Bons tempos. Beijo do Ed

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  2. Muito bom, Débora. Concordo e me preocupo tanto quanto você, e cada vez mais. Beijoca!

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