terça-feira, 19 de julho de 2011

Minas são muitas

Hoje li um texto de meu amigo Danilo Barcelos. Eu realmente fico tentadíssima a escrever quando leio seus textos... Mas, putz... Fico extremamente tímida, quase um medo de ser tosca. Danilo tem a poética da palavra, talvez por isso tudo o que escreve tem o efeito de um bichinho roendo n'alma, como um verminho que entra pelos olhos e vai mexendo e a gente vai sentindo seu minhocar.
Mas, ao tema. Danilo está agora longe, lá pelas bandas capixabas e sente falta desse ar férreo e verde que é Minas. Eu não o culpo, ser daqui e viver aqui é algo que não se conta, é segredo nosso. Mas, não pude deixar de perceber que, embora compartilhe com ele  e outros tantos amigos caros a mim, minha relação com o estado não está tão bem assim.
Sim, claro, eu estou em meio a uma greve que luta desesperadamente para que uma simples lei seja cumprida [outras questões motivam esse engajamento, mas é matéria para outra postagem], então, certamente meu descontentamento também reside na insatisfação com a política do governo estadual para com o funcionalismo público, sobretudo, a educação.
Com a greve, outras coisas têm me saltado aos olhos e eu não posso mais ignorá-las, eu ão consigo achar normal a manipulação das mídias, a indiferença da própria sociedade, a falta de vontade a servilidade. Tenho observado a manipulação de notícas de diversas ordens, tenho visto o dinheiro público sendo gasto DESCARADAMENTE em obras que não trarão benefício algum aos que de fato deveriam, e o pior, tenho visto que poucos, bem poucos se incomodam com isso. Não é que as pessoas não percebem, as pessoas não ligam. Aqui em Minas perde-se a mão, mas não a aparência. Minas não é o berço da iberdade, se foi, isso já acabou há tempos. Não se luta, não se questiona, não se atreve. Não a reconheço mais. Me entristeço porque amo demais esse chão e essa gente, mas não posso mais achar que aqui se respira a liberdade. Em muitos, muitos sentidos mesmo, tenho tido minha visão bloqueada e a voz abafada não mais pelas montanhas, mas pelas cortinas de ferro que se forjaram nesse estado.
O café quentinho com queijo, servido na cozinha, que é onde se recebe os amigos, continua aqui, esperando pelos meus queridos amigos errantes. E assim vai permanecer, quem sabe novos ideais de liberdade não ressurgem de uma boa prosa?

2 comentários:

  1. Nossa...neste texto vc conseguiu perfeitamente, através das palavras, equilibrar o senimento, o pensamento e a fala...tenho questionado muito tudo isso e infelizmente estou perdendo o orgulho de ser mineira e até de ser brasileira qdo vejo tanta injustiça, desigualdade e desonestidade que vem primeiramente por parte dos poderes legislativo e executivo que deveriamm ser nosso exemplo...estou enojada com tanta opressão diante de nossos olhos, nem se preocupam mais em esconder as falcatruas, elas estão escancaradas e são inumeras...um belo exemplo é a maquiagem que se faz na parte nobre de BH: a Savassi...são obras intermináveis, viadutos que vão de lugar algum para lugar nenhum...a pouco tempo foi construido um viaduto na Antônio Carlos próximo à UFMG e agora ja estão refazendo esta obra, qto dinheiro desperdiçado!!!!e simplesmente ouço da propria população, de pessoas desfavorecidas financeiramente, que a copa passa e os beneficios ficam...que BH "ganhará" hotel 5 estrelas, que abrirão vagas para trabalho...e então reflita comigo, para se trabalhar em um hotel 5 estrelas é necessário que no currículo tenha, no mínimo, para os cargos de recepcionista ou porteiro, Inglês fluente...digo isso, porque tenho um amigo que trabalha no hotel Ouro Minas e sua função é carregar as malas dos hospedes até o quarto, e ele fala Inglês e Espanhol fluentemente. Assim, pergunto: os empregos gerados por esta copa favorecerá um jovem recém formado em escola pública, sem boas condições financeira e sem experiência? Ele conseguirá trabalhar nos empregos gerados para a copa???? Cada dia que se passa penso que a nossa sociedade está caminhando para um buraco sem fim...e o pior é que são poucos ainda os que não são fantoches dos poderes públicos.

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  2. Olha, eu li e tenho que comentar, não me contive! Primeiro pelo carinho com as minhas palavras! Isso me acalanta. Me acalanta saber que elas minhocam em vc, como disse, e que abrem os questionamentos sobre o quanto amamos Minas e quanto ela está de costa para todos nós. Sim, vc tem razão: alguma coisa escapou de Minas e quem sabe não foi aquilo que tanto matou minieros: as palavras de Virgílio na bandeira. E questionar, eu creio, é o espírito de Minas, para que esses que agora nos calam a toque caixa padeçam. Mantenha a luta:é ela o que marca de vermelho a segunda cor de Minas.

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