sábado, 7 de novembro de 2015

Tornar-se ser

Nessa semana completou-se um ano de divórcio. E hoje em terapia mencionou -se sobre reconstrução. É, de fato, há uma nova Débora. Em todos os aspectos diferente,  não uma diferença daquelas de não se reconhecer, mas das que surgem como fruto de um repensar diário.
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Eu fui criada numa família cristã de tradição evangélica. O que implica em dizer que fui criada para a partir dos18 anos casar, ter filhos, ser uma boa esposa, uma mulher virtuosa.
Então... É, não deu. Eu fugi do script.
Não correspondi às expectativas: não casei cedo, quando o fiz não me mantive casada, não tive filhos. Não bastasse em meio a isso tudo cursei letras o que potencializou aquele espírito crítico subversivo que vivia tentando domar...
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Só que lidar com tudo isso não é fácil. Não é,  nunca foi legal ver-se deslocada do que sempre se colocou como padrão. Mas eu tenho sérios problemas com padrões impostos...
Sem entrar em detalhes, a atitude de por em prática uma separação que já havia ocorrido nas almas, foi minha. E todo o peso por isso eu assumi. Mas quando fiz já havia-se esgotado em mim todos os argumentos que me impediam, e todos eles fracassaram diante de uma única verdade: já não era digno, já não era mais possível me adaptar e adequar. Tecnicamente falando: fracassei.
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E viver a partir de então tornou-se uma nova empreitada, quem sou eu? Que mulher é essa dentro do meu corpo? Que valores e padrões realmente são válidos e por que o são?  Que é a vida senão a própria caminhada diária???
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Tenho sido confrontada nas coisas que mais me pareciam estáveis,  tenho aprendido com o que menos esperava, tenho tido a oportunidade de reaprender, recomeçar.
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Costumo dizer que os melhores anos têm sido os 30, neles eu tenho me visto mulher. Não aquela para o qual fui condicionada,  mas a que todos os dias se olha no espelho e diz "olá! muito prazer".
Talvez seja mesmo minha sina viver só, visto que o dedo podre para o amor é uma evidência.
Eu sou essa que, mesmo em muitas vezes, muitas vezes mesmo, não esteja alegre, nem compreende ou aceita a situação,  põe um batom na boca (ou vai de cara limpa mesmo) e diz a si mesma: bora lá ser feliz!  Porque não há mesmo outro sentido nessa vida que não seja o de ser e fazer os outros felizes,  a partir do que somos.

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