Dizem que para domar um elefante, lhe prendem a uma corrente ainda novinho. Nos seus primeiros meses e anos
tentará o elefantezinho seguir livre, mas sempre será puxado pela corrente e
fustigado pela vara. Ao passar dos anos conhecerá exatamente sua medida e o
alcance de sua liberdade. Já cansado de tantas tentativas sossega o espírito ou,
quem sabe, o apazigua. Aprende ainda jovem o que pode e o que não pode. A verdade é que, a corrente
não acompanha o crescimento nem a sua força, mas isso pouco importa, porque não
será mais demandada em sua tarefa de contenção, sua presença é simbólica. O
Elefante não se arriscará a sofrer a dor da frustração nem ao chicote.
Mas, o que acontece quando já
gigante descobrir a fragilidade de sua corrente? Sempre imaginei uma fuga
sensacional. Obviamente, nos tempos modernos em que vivemos não faltam exemplos
de elefantes descontrolados[?] fugindo pelas ruas. O fato é que os ousados são
minoria, e fico pensando se todos os que estão sob as correntes são ignorantes
de sua força sobre as mesmas. Talvez já tenham descoberto que o preço a se pagar
pela fuga quase sempre é o extermínio. E nesse momento o senso de preservação
os controla, pior que os elos nem tão fortes do aço, são aqueles que lhe
fizeram subserviente a um estado de coisas.
Tem me ocorrido que, talvez, talvez,
o elefante sempre soube que pode livrar-se. E, a despeito do seu iminente risco
de morte, quando a ideia, ah... a renitente ideia de liberdade o possui, já se vê dando os primeiros passos e depois a
corrida para longe. Não importa se serão curtos os momentos em que viverá livre,
serão certamente melhores que uma vida inteira de negação.
E, se escolhe permanecer como se
não o soubesse das fraquezas de sua corrente, lembrará muito tempo depois que
sempre foi livre, ainda que ninguém o soubesse. Aposentado e preterido, sem
correntes, já sem forças para correr ou ir muito longe, se alegrará o velho
paquiderme, com lembranças do que poderia ter sido, por onde teria andado livre?
Nenhum comentário:
Postar um comentário