sexta-feira, 27 de maio de 2011

Quanto valemos?



Essa é uma pergunta que tem rondado minha alma por esses dias. O quanto realmente valemos, não para nossos amigos, namorados amantes, primos, filhos, cunhados... Não, quero saber o quanto valemos para nós mesmos. O quanto somos realmente capazes de fazer loucuras por nós mesmos, quanto estamos dispostos a mudar completamente em nome de nossa saúde emocional e, consequentemente, mental. E como não poderia deixar de ser, o quanto cuidamos de nós, para além do São Renew!
Sabe, tenho visto todos os dias eu me submetendo a coisas que sei que me estragam por dentro e por fora. E sempre tenho para mim que as faço por imposição social, que eu mesma não faria essa escolha, não agiria assim ou assado... Bobagem. Acho que me falta a coragem. Ah... a coragem, já falei dela aqui antes. É duro admitir, sou muito covarde, pois não tenho raça para mudar todo o contexto.
Veja bem, não estou aqui confabulando sobre minha existência, eu estou pontuando as coisas práticas mesmo.

Ontem, entre os turnos vespertino e noturno, comentei que me arrependi amargamente por não ter feito o concurso para carteiro nos Correios... Vocês podem imaginar a expressão de choque dos meus colegas? Muitos riram acharam que eu estava brincando, outros ficaram incrédulos... Até que uma colega me pergunta: "Você estudou tantos anos de sua vida pra carregar bolsa e andar na rua embaixo do sol?" E eu solenemente respondi: "Não, estudei para ser humilhada, maltratada, ser o elemento indesejado pelos alunos, foi para isso".
Oh.... você pode achar que eu esteja dramatizando e me vitimando. Absolutamente não, não sou vítima dos meus alunos, até porque o fenômeno é geral. O maltrato a que me refiro não é a violência física, tampouco verbal, mas a apatia, a indifereça e a insatisfação dos alunos ao nos verem todos os dias vão nos maltratando. Um dia você releva, no outro você se conscientiza que não é você  problema, no outro você se defende, no outro se consola e quando percebe já está se desculpando, então começa a procurar onde tem errado e procura inovar suas práticas, quando percebe  se vê doente...
Olha, o que eu estou tentando dizer aqui é que não importa qual seja a profissão, o caminho que tomamos não é muito diferente. Conheço outras pessoas que atuam em outras profissões e que, em maior ou em menor medida, passam pelo mesmos atalhos, que vão da relevação à constatação de não serem mais capazes de mudar...
E percebo, tristemente, que muitos vivem assim em suas emoções, barganham, negociam, passam por cima, impõem a si mesmos situações para além do que podem suportar... O resultado é devastador, quase sempre legalistas , críticos e feridos não estão dispostos a tentar de novo.
E volto à pergunta inicial. O que é que estamos fazendo conosco? Como é que podemos amar aos aoutros se não conseguimos nos manter saudáveis em tantos aspectos?

Mudar é muito desconfortável porque é a admissão de que estávamos errados, agimos errado, ou não empregamos nossos esforços em algo que tenha valido a pena (o que equivale a admitir que escolhemos errado). Putz... admitir depois de tanto esforço que não valeu a pena, que erramos é muito ruim. Na verdade, exige uma sobriedade à qual não estamos dispostos a ter que é a de enxergar onde se errou e fazer agora certo.
Miha crise atual tem sido a docência. Eu me vejo depois de onze anos investindo em uma profissão, que há quatro já percebi que não é a que eu realmente desejo, tentando desesperadamente descobrir uma função social. Estou em crise porque, tenho que admitir, não sei fazer outra coisa, aliás, nem sei se sei...Como depois de duas graduações e um mestrado eu vou dizer que não consigo mais, que não quero mais, que não sou feliz com o que eu faço? E, ainda que eu admita isso, como mudar o rumo agora?
Minhas contas não esperam, a sociedade não entende... E é isso amigos: os outros, não adianta, existimos e temos consciência de nós por causa dos outros... E esses "outros" esperam pelo meu pagamento, por minhas obrigações, pelas minhas satisfações... Esperam que eu seja profissional suficientemente, para não deixar minhas emoções atrapalharem meu rendimento. A sociedade espera minha resposta, o leão quer sua mordiada diária e, ano que vem, vai querer aquela que lhe cabe em cima de todo o meu esforço, de toda a minha pena em me manter uma pessoa ativa.
Não sei mais para onde estamos correndo, por que, de quem ou do quê. Mas anda rápido não atrapalhe o caminho em que OUTROS querem passar.  E eu vou indo, esperando encontrar a coragem no caminho, por favor não diga que eu não vou...

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