terça-feira, 30 de novembro de 2010

Para o Rio


Poema que aconteceu


Nenhum desejo neste domingo

Nenhum problema nesta vida

O mundo parou de repente

Os homens ficaram calados


Domingo sem fim nem começo

A mão que escreve este poema

Não sabe o que está escrevendo

Mas é possível que se soubesse

nem ligasse
(Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Rio da paz...? Parte I

Tô com sono, mas não vou conseguir dormir... sabe aqueles dias em que sua mente tá podre de cansaço mas se recusa a desligar? a pois, pois é...
Nos últimos dias eu assisti à maneira que pude as notícias sobre o Rio....
Sabe eu adoro o Rio, não pelo o que eu vejo na tv, mas pelo que ainda resta em minha lembrança das poucas vezes em que lá estive... há alguns 20.. deixa pra lá né, pra quê dar dicas da velhice...rs
Voltando às lembranças, vi o mar pela primeira vez da praia do Leblon! Não vou esquecer jamais, posso me ver de maiô listradinho apertando a mão do meu pai, pro mar não me levar, sim eu bebi da água pra ver se era salgada e era mesmo!
Lembro dos meus passeios pelos bairros, das viagens de trem de ida e volta pra Japeri. Das moças e moços andando de biquíni na rua!
Ah, Rio... Havia já me esquecido que por muitos anos você foi a representação de um sonho de cidade! Porque tudo que envolvia esse nome significava férias, diversão, lugares bonitos, gente alegre!!! Muito alegre, que adorava me ouvir falar com o sotaque meneirim.. Se eu já era tagarela como agora, devia mesmo ser algo muito engraçado...
Mas, essa visão foi se apagando.. como uma foto que fica exposta ao tempo. As constantes notícias do tráfico, das mazelas foram roubando de mim o que melhor eu conhecia como o paraíso...

Segue...

Parte II

Hoje vejo, desiludida que o carioca [e todos nós brasileiros] colhemos o amargo fruto da conivência. É espantoso ver como o binômio Rio&tráfico se tornou uma amálgama em nossas mentes. Enquanto assistia a ocupação dos morros pelas forças policiais e armadas, ao mesmo tempo em que me apavorava por ver a possibilidade de muitas mortes inocentes, me via desejando ardentemente - ainda que me custe admitir - a morte ou o fim de tantos que já não são dignos de estarem por aqui. Sei que o peso dessas palavras a mim é enorme, dada à minha condição de cristã assumida e convicta.
Mas foi isso mesmo que me assustou. A que ponto chegamos. Desejamos a morte de uns para que no fim outras muitas se poupem.
Ao mesmo tempo em que vivia essa dualidade outra coisa me inquietava, qual será a posição do carioca agora? Do povo dos morros? Eu considero lamentável, mas tudo isso chegou a esse ponto porque houve a conivência de todos os lados. Deixemos a hipocrisia de dizer que o poder paralelo se instalou onde o governo se omitiu... Sejamos honestos... As falhas governamentais não se restringem aos morros e favelas, nem no Rio nem em qualquer lugar do país. Nem por isso todas as comunidades negligenciadas tornaram-se redutos de criminosos.
E não é de hoje... alguém me explica por favor, porque no meio do tiroteio vem uma tiazinha correndo na rua sem rumo? Vá pro inf... quem é que sai de casa numa dessas gente? E o tal de olhar pela janela e pela porta e depois sair revoltado com a bala perdida da polícia? Por que que a bala perdida é sempre da polícia???Por que eu nunca vi - alguém pode me ajudar - um protesto da população contra os traficantes que provocaram uma troca de tiros? Aliás quem troca tiro com polícia já deixou bem claro a que veio...

Segue...

Parte III

Enfim, eu ainda aguardo os finalmentes... Onde estão os duzentos que fugiram para o morro do alemão???? Onde estão os que lá já estavam, não se estimou que seriam cerca de uns 500 ou 600??? Ainda acho que há quem os acoberte, quem ainda acha que a sua proteção é melhor que a do Estado... o triste é ver que mesmo tendo suas casas queimadas, carros destruídos muitos ainda preferem acobertar a ter de assumir o papel de agente. Sim, porque não deixa de ser uma zona de conforto. E agora? Os morros foram tomados, as UPPs serão instaladas, não é o que a população "queria"? A comunidade livre do domínio do tráfico??? Quem tem que garantir essa liberdade? O governo? A polícia???
Não sei quanto a vocês, mas minha índole para as coisas honestas e para a paz, nasceram em meu lar, não de nenhum departamento de polícia...
e vou parando por aqui... esse post já tá enoooooorrrrrrrrme. Eu vou escrever mais sobre isso. Ainda não me esvaziei...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

dá vontade de chorar...


Fala sério... eu vou voltar a escrever sobre isso...

Mas eu tenho que desabafar agora.

Que coisa medonha é essa no Rio?

Estou com um misto de tristeza - por ver o Rio nessa situação, e de um mórbido prazer: que é o de ver, enfim a população do Rio definir de que lado está...

Vou parando por aqui, dei uma fugidinha das obrigações, e não quero correr o risco de ser leviana.