segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Você tem sede de quê? nº1...

Aiai... andei sumida, mas não por falta de assunto, é por ter tantas coisas formigando na mente...
Este post está em minha cabeça logo desde quando eu iniciei esse blog. E é posível que ele seja alterado inúmeras vezes...
Tenho pensado tanto nisso que tenho adiado escrever sobre.
Andamos sempre na expectativa de algo e algumas coisas parecem ser mais urgentes que outras, outras mais essenciais ainda e mesmo outras imprescindíveis. Na verdade, não há como colocarmos nossos desejos em uma escala de intensidades (embora o façamos mais por força de hábito em tentar nos organizar, do que realmente por intensidade).
Tenho pensado muito sobre o que desejo para a minha vida, mas tenho pensado também a respeito do que eu tenho sede. Não no sentido de possuir ou conquistar algo, mas de algo que, de fato, me sacie. A sim, claro, espiritualmente tenho sido mais que saciada pela graça de Jesus. Não é bem de um vazio de alma, que falo, mas de algo que desejo ver acontecer, que anseio vivenciar. No meu caso, tenho sede de justiça. E essa sede tem me feito observar muito nossa sociedade, nossos valores que sempre se revelam em atitudes e posicionamentos. Tenho sede de justiça porque percebi quão injustos nos tornamos ou quão permissivos nos tornamos diante da injustiça. Tenho percebido que diante de muitas circunstâncias nos viciamos em encontrar culpados, pois parece que isso nos isenta de encontrarmos as soluções para o problema. E assim temos caminhado, não sei ainda como o nosso indicador não se tornou maior que o dedo médio...
Me angustia casos como Nardone, Bruno, Eloá..., e por outros tantos que pipocam em nossas casas. Me angustiam nem tanto pelos sinistros em si . Não é que a brutalidade dos fatos não me atinjam, aliás é exatamente isso que me atinje e que não é resolvido. Não é resolvido porque queremos o culpado, queremos o castigo para o culpado. E não saciamos nunca a nossa sede porque sempre buscaremos alguém para expurgar nossos males, exorcisar nossos demônios. E ao fazermos isso constantemente temos a falsa impressão de que estamos nos portando como cidadãos críticos e responsáveis que não folgam-se com a injustiça.. será mesmo?
Não seria mais justo reconhecermos o problema e buscarmos resolvê-lo? Vamos pensar nos exemplos citados mais acima.
Os Nardones foram bebidos, comidos, almoçados, jantados, mijados, cagados, foi simplesmente uma overdose de Nardones... Aff. Mas ninguém sequer eparou para pensar nos valores perdidos, o que está acontecendo com nossas famílias? Com nossos jovens? Por que tantos pais jovens e despreparados? Por que tão passionais? Então eu penso nos gritos "justiça!" "justiça!". Mas eles já haviam sido sentenciados pela sociedade antes mesmo das provas chegarem.
O caso Eloá que era já uma tragédia anunciada: Uma criança de 12 anos namorar um rapaz tão mais velho! Não é em si a diferença de idade, mas a diferença de mundos. É óbvio que isso nem era também o problema, mas o reflexo de inúmeros problemas de estrutura familiar (queria um namorado ou um pai???). Pois é... de namorado pai passou a sequestrador pop com direito à entrevista ao vivo...
Caso Bruno: Fama, dinheiro, sexo, poder... associados à falta de estrutura e disciplina... E é claro, o show, o espetáculo não pode parar...
De tudo, nunca somos levados a refletir sobre aonde temos ido, por que ou para quê... E vivemos clamando justiça por causa das barbaridades... e esquecemos dos nossos pequenos delitos, de nosa permissicividade com os "pecadinhos", com os golpezinhos...
Pobre de nós.
Tão miseráveis quanto aqueles que condenamos...

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