terça-feira, 20 de julho de 2010

O que são os baobás???

o que são os baobás???
Hum... vou chamar alguém aqui para explicar melhor...

"Dia a dia eu ficava sabendo mais alguma coisa do planeta, da partida, da viagem.

Mas isso devagarinho, ao acaso das reflexões. Foi assim que vim a conhecer,

no terceiro dia, o drama dos baobás.

Dessa vez ainda, foi graças ao carneiro. Pois bruscamente o principezinho

me interrogou, tomado de grave dúvida:

- É verdade que os carneiros comem arbustos?

- Sim. É verdade.

- Ah! Que bom!

Não compreendi logo porque era tão importante que os carneiros

comessem arbustos. Mas o principezinho acrescentou:

- Por conseguinte eles comem também os baobás?

Fiz notar ao principezinho que os baobás não são arbustos, mas árvores

grandes como igrejas. E que mesmo que ele levasse consigo todo

um rebanho de elefantes, eles não chegariam a dar cabo de um único baobá.

A idéia de um rebanho de elefantes fez rir ao principezinho:

- Seria preciso botar um por cima do outro...

Mas notou, em seguida, sabiamente:

- Os baobás, antes de crescer, são pequenos.

- É fato! Mas por que desejas tu que os carneiros comam os baobás pequenos?

- Por que haveria de ser? respondeu-me, como se se tratasse de uma evidência.

E foi-me preciso um grande esforço de inteligência para compreender

sozinho esse problema.

Com efeito, no planeta do principezinho havia, como em todos os outros

planetas, ervas boas e más. Por conseguinte, sementes boas, de ervas

boas; sementes más, de ervas más. Mas as sementes são invisíveis.

Elas dormem no segredo da terra até que uma cisme de despertar.

Então ela espreguiça, e lança timidamente para o sol um inofensivo

galhinho. Se é de roseira ou rabanete, podemos deixar que cresça

à vontade. Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso

arrancar logo, mal a tenhamos conhecido.

Ora, havia sementes terríveis no planeta do principezinho: as sementes

de baobá... O solo do planeta estava enfestado. E um baobá, se

a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele. Atravanca todo o

planeta. Perfura-o com suas raízes. E se o planeta é pequeno e os

baobás numerosos, o planeta acaba rachando.

"É uma questão de disciplina, me disse mais tarde o principezinho.

Quando a gente acaba a toalete da manhã, começa a fazer com

cuidado a toalete do planeta. É preciso que a gente se

conforme em arrancar regularmente os baobás logo que se distingam

das roseiras, com as quais muito se parecem quando pequenos. É um

trabalho sem graça, mas de fácil execução."

Em um dia aconselhou-me a tentar um belo desenho que fizesse

essas coisas entrarem de uma vez na cabeça das crianças. "Se

algum dia tiverem de viajar, explicou-me, poderá ser útil para

elas. Às vezes não há inconveniente em deixar um trabalho

para mais tarde. Mas, quando se trata de baobá, é sempre uma

catástrofe. Conheci um planeta habitado por um preguiçoso.

Havia deixado três arbustos..."

E, de acordo com as indicações do principezinho, desenhei o tal planeta.

Não gosto de tomar o tom de moralista. Mas o perigo dos baobás

é tão pouco conhecido, e tão grandes os riscos daquele que se

perdesse num asteróide, que, ao menos uma vez, faço exceção

à minha reserva. E digo portanto: "Meninos! Cuidado com os

baobás!" Foi para advertir meus amigos de um perigo que há tanto

tempo os ameaçava, como a mim, sem que pudéssemos suspeitar,

que tanto caprichei naquele desenho. A lição que eu dava valia a

pena. Perguntarão, talvez: Por que não há nesse livro outros

desenhos tão grandiosos como o desenho dos baobás? A resposta

é simples: tentei, mas não consegui. Quando desenhei os baobás,

estava inteiramente possuído pelo sentimento de urgência."

fonte:http://www.mayrink.g12.br/pp/Cap05.htm


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