Hoje à noite fui à igreja de teimosa...
Perdi o horário e quando fui para o ponto mofei por uns trinta minutos... Mas achei que seria muito indignante voltar para casa. Eu queria muito ir, mesmo perdendo o período do louvor eu ainda pegaria a mensagem, e quando começou a demorar demais comecei a ter medo de não chegar a tempo nem disso... Mas sabe como é, né!? E o medo de começar a subir a rua de volta e o bus passar!? Melhor ficar e esperar...
Valeu a pena, porque sempre vale mesmo. De fato, cheguei depois do louvor, mas hoje passaram um vídeo (muito legal, por sinal, sobre uma campanha de doação de sangue) e aí eu cheguei a tempo de pegar o início da mensagem.
Um texto que, para qualquer um com mais de trinta... deixa pra lá... já deve ter ouvido centenas de vezes. A parábola do Bom Samaritano... Heita, fico impressionada como pode um texto se renovar e ressignificar tanto.
Pausa para uma observação:
Gosto muito da palavra que o Pr Leno ministra. Eu sei que é mesmo a Graça de Deus sobre sua vida que revela a sua[a de Deus] Palavra e o capacita a trazê-la. Mas, claro, há a personalidade e estilo[?] que lhe são próprios. A razão de eu gostar muito de sua ministração é porque ela é direta, sem floreios, não está preocupada em agradar, mas jamais é agressiva. A preocupação em fazer daqueles que pastoreia verdadeiros cristãos, pessoas que vivam o evangelho da graça é algo que até constrange a gente de tão "extravagante", sim extravagante, no melhor sentido que essa palavra pode ter. E, é uma pena que Leno seja minoria numa época em que pastores são reconhecidos por sua capacidade de manipular e e$torquir... (Nuss, isso dá outro post muito , muito grande e provavelmente polêmico).
Voltando à mensagem, ela saiu do lugar comum porque quase nunca nos colocamos nesta história como o sacerdote ou o levita, muita vezes só focamos no exemplo do Samaritano. Mas, a despeito de termos mesmo de fazer o que fez o bom homem, não nos apercebemos que o tempo todo gostamos de ter palavras que revelem o amor de Deus, mas nosso viver em nada ministra amor... Ministra muitas coisas menos cura e alívio. Não nos damos conta de que nosso louvor pode feder às narinas de Deus, já que somos capazes de dizer e fazer promessas lindas, que sequer realmente fazem sentido a nós... Mas é tão empolgante cantar!!!
E, quanto ao Samaritano... Sabe, quantas vezes você parou para pensar no tempo em que o Samaritano dispôs no problema do moribundo? Ali, o viajante gastou sua provisão, vinho e azeite, nas feridas daquele homem!!! Para, para tudo, qualquer pessoa que se interesse em saber um pouquinho sobre aquela terra, pode fazer uma menção disso. Ele não gastou apenas tempo, ele deu a um desconhecido, que tudo nos leva a crer que seria um judeu (o que significa que não teria recíproca), o melhor que tinha. Vinho e azeite são caros até hoje em qualquer sociedade... Iguarias... num quase morto. Aí, ele não ficou satisfeito, ele atou as feridas. Isso é delicadeza, é garantir que nada mais atinja aquele homem no que lhe dói, que nenhuma impureza volte ali. Tá me acompanhando? Quantas vezes dizemos "fiz tudo o que pude", cara depois de hoje... Vou repensar essa frase. Não, não parou por aí: além de socorrer um desconhecido, gastar o que tinha de melhor, proteger as partes mais fragilizadas, o Samaritano coloca o homem sobre sua montaria... cede seu lugar, e segue no caminho. Aquele homem desconhecido e doente agora é problema seu, ninguém lhe diz isso, ele assim o toma. Na hospedaria, passa a noite cuidando (aqui, o cara viajou o dia inteiro, fez tudo aquilo pelo outro, gastou seus recursos, e ao invés de ir dormir, não, resolve dar uma de enfermeiro...) Pois é...
No outro dia o Samaritano prossegue viagem, mas não sem antes recomendar ao estalajadeiro que cuide do doente, paga adiantado (e percebe-se pela narrativa que pagou bem), e gente, o cara ainda se põe como fiador de tudo o que for gasto além!!!!! Ah nem... E a narrativa acaba, Jesus não nos deu um fim a essa história e tenho minhas desconfianças do porquê...
Estou arrasada... Em que medida eu realmente estou comprometida com isso tudo? Eu não vou aqui dizer que faço pouco ou muito, ou que você deveria agir assim ou assado... Eu estou tão impactada com essa postura do Samaritano, com o tempo, com o processo, com tudo o que aquilo realmente significava e implicava. Muita coisa para processar.
De pronto o que compreendi hoje é que preciso ter tempo na necessidade do outro. O que sei e recebi de Deus, só faz sentido quando é remédio na vida do próximo. O Pão nosso de cada dia dia nos dai hoje.... Jesus é o Pão do Céu, o Pão da vida. E o que tenho feito disto?
No velho testamento conta-se a história do povo hebreu, que no deserto recebia a cada dia uma porção do maná, algo como pão. Todas as manhãs ao levantarem colhiam o maná que caíra do céu. Deviam colher apenas o necessário, para o seu sustento próprio e daquele dia. Os que queriam pegar mais "só para garantir" se deparavam com vermes naquilo que antes, no dia anterior, fora alimento. A lógica, era que deveriam confiar na provisão de Deus.
Quando Deus nos envia o seu filho, algo novo acontece. Jesus é o maná de cada dia, mas uma única vez foi suficiente e definitivo para toda a humanidade. E ele é mais do que conseguiríamos guardar em nós mesmos, é preciso que sua Vida em nós seja também alimento na vida das pessoas, assim como ser sal e luz só faz sentido se for para servir o outro. Porque não pode o sal salgar-se a si mesmo, não faz sentido a luz iluminar a si mesma.
Que Deus em sua infinita misericórdia, me faça mais que um discurso sobre seu amor. Seja eu instrumento desse amor, seja eu, também, a ministrar o bálsamo num mundo cada vez mais indiferente e adoecido.
Há uma banda estadunidense chamada Third Day. Eu sou assumidamente apaixonada por ela que reúne duas coisas básicas (rock e o evangelho puro e simples). Há algumas semanas uma de suas canções tem me feito repensar e ressignificar minha relação com Deus. E agora, depois de hoje a coisa ficou mais séria ainda... para por fim nesse texto que virou um tratado, de tão grande, a canção traz uma oração que diz a Cristo que tudo o que de melhor se pode entregá-lo é a nossa própria vida, porque ela é tudo o que temos, e a temos porque ELe, Cristo, deu a sua própria vida por e para nós... Ainnnnn... momento em que se percebe que essa coisa de Deus em nós, nós em Deus é muito radical (vai nascer outro texto...).
nota: Cristo não nos dá um fim a essa história porque ela, de fato, se realiza na sua entrega por nós. Ele se fez ferida, imundície, tomou sobre si nossas dores, por suas chagas fomos sarados. Ele é mais que o bom samaritano, você e eu somos tal qual o moribundo... Em sua infinita misericórdia se aproximou de nós. E, se estamos todos sob a mesma condição, quem é o meu próximo, que tenho eu com ele!!!!?
Amo uma frase que atribuem a Ortega y Gasset que diz: “Eu sou eu e as minhas circunstâncias” Esse blog é um espaço em que tento externar essas circunstâncias; o que fervilha em mim, o que tem e o que falta. Puro deleite de falar, nesse caso escrever insanamente. Quem sabe semear um pouquinho de amor e virtudes, e claro, como não poderia deixar de ser - posto que sou circunstâncias - inocular à medida exata meu nem tão suave veneno.
segunda-feira, 23 de março de 2015
sexta-feira, 13 de março de 2015
Relicário 2
De tudo aquilo que não foi dito fica, no vão das palavras,
O rio que tudo leva.
O silêncio que sufoca o grito.
A ausência, que se encorpora dura e fria.
Os segredos que não encontraram seus ouvidos
Os poemas e canções que quis lhe dedicar... e não o fiz.
O tempo desigual que leva consigo o peso do desencontro.
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A gaveta, o amor, você no papel de seda...
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