sexta-feira, 9 de setembro de 2016

João e Maria

João e Maria se somavam a tantos outros, e já tiveram outros nomes;
e pareciam brincar tão perto que parecia ser possível ouvir e ver tantas travessuras.

Já tiveram cores e cabelos diversos...
Mas já não brincavam tão perto... Mas ainda barulhentos.

João e Maria e com sorte mais alguém...
e mal dava para ouvir as brincadeiras...

João e Maria... 
Mais longe...

João e quem sabe Maria...
sem rosto, sem cor...distantes...

João ou Maria...
Um dia parecia ter vindo...
Foi embora sem aviso...

Maria? João? 
Pensou em vir, desistiu...

Nem Maria, Nem João...
Casa vazia...

Ninguém a quem contar histórias, ninguém para socorrer à noite...
Sem lista de material escolar, sem Para Casa pra acompanhar.
Ninguém para ralhar ou de vez em quando te dizer uns desaforos e levar petelecos...
Mas também ninguém para dar colo e ouvir dizer que te ama.

Ninguém... Para se poder dizer que é a sua melhor parte.
Ninguém por quem levantar cedo e dizer que vale a pena...
Para desejar que chegue o fim do dia e ver que tudo está bem com ele.


Sem sementes
de uma flor que fosse para tornar esse mundo 
menos triste, menos cinza.

Ninguém.





Do que não foi... Nem nunca será

Alguns sonhos não deveriam jamais ter nascido.
E a conversa de que não se deve desistir deles é, ao mesmo tempo, desnecessária e ineficaz.
Desnecessária porque infelizmente essas fixações não saem mesmo, é como o raio da unha encravada, você vai à manicure e arranca aquela coisinha quase invisível do cantinho.... Mas daqui a pouco ela renasce cresce e sua existência se torna insuportável... Infelizmente.
Ineficaz, porque com o passar do tempo boa parte dos sonhos tornam-se projetos executáveis e executados... E os que não se executam vão se recriando, tentando desesperadamente acontecer... vão se encravando mais...
Aí você radicalmente decide não pensar neles... Mas vem um comentariozinho que seja qualquer, uma música... E ele volta.

E essa coisa que nunca deveria sequer ter nascido, plantada em você (como boa parte o é, por um modelo de vida feliz e realizada), ou o diabo que seja, te faz lembrar todos os dias que não... Não, você ainda não deixou de querer...
E o tempo sem piedade mostra que você empenhou suas emoções e energias no que não era para você. E que por mais amarga que seja, a verdade é que isso não te faz bem. Não faz.
Ok, seria legal, seria bacana, mas não aconteceu, não acontecerá. E mesmo que acontecesse já não seria como o esperado seria um remedo. Já não seria mesmo o seu sonho, seria apenas a sombra do que um dia se quis e o preço de manter a sombra é alto demais...

Então é isso.
Não vou dizer para não sonhar... Nem você nem eu conseguiríamos...
Mas, sinceramente...